quarta-feira, 24 de março de 2010



Ode à Angra dos Reis
-Aniversário de seus 508 anos-

Calados, o oceano e a emoção,
Ressurge a Lua cheia, prima-dona.
Mas como não há palco ou multidão
Seus raios trazem anjos de carona.

E o tempo some e foge o firme chão...
Atroz é a impotência que se adona
E sinto a mesma cinza solidão
Do ser que jaz inerte sob a lona...

A chuva apaga o tom da paisagem
E o ventre da montanha que aparece
Assombra no escorrer a rubra tinta.

Olhares de pavor miram na imagem
- Procuram proteção, a alma em prece -
Da morte, que cruel, dança faminta!
ElïschaDewes_____________

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'O Poema das Flores'


Murmura mansamente o mar na encosta
E enfeita-se com rendas de cambraia.
Canora sinfonia é ali composta
Por pássaros que cantam entre a Faia.

A brisa vem do sul e quem não gosta?
Movendo ondas e algas sobre a praia!
Modificam-se as nuvens em resposta
Ao Sol que surge lá da Marambaia.

É o dia 'Number one' de mais um ano!
Sorrio e olho as rochas junto ao mar
E ali dois bem-te-vis falam de amores...

Por ser de um signo tão geminiano,
Feliz, abro o portão para encontrar...
Surpresa! Um belo cesto com mil flores!

Elïscha Dewes____________

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Sol, oh Sol!


De verde e dourado pintas
O jardim com suas folhagens
E o ramo em que dorme o gato.

Invade os vitrôs das quintas
E crias no chão paisagens
Que viajam no abstrato!

És alegria, oh magia do dia!
E és a energia que me delicia!


ElischaDewes____________


Lusco-fusco

Fechado é o espetáculo do dia,
Aplausos para o Sol que desce lento.
Num lusco-fusco igual sala vazia
Aturde a imensidão do firmamento!

Suspenso por dois fios qual magia
Aquele amor em chamas, num momento,
Acende a derradeira estrela guia
Na noite da saudade e do tormento.

- Afastem-se tristezas, não mais firam
As almas que em cânticos suspiram

E juntam-se onde os corpos não alcançam...

Paixão que tem sabor a vinho tinto,
Suor embriagado de absinto
A escorrer da pele enquanto dançam...
ElïschaDewes________________________________

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Poema de Amor
-acróstico-

P  oema de amor é quando
O  culta a face nos cabelos,
E  ncantam-se em sussurros,
M  ostrando a razão da vida
A  té que estrelas se apaguem...

D esejos de chuva deslizando
E m superfícies mornas, salinas...

A  ssim pois, que nego-me
M ostrar em meus poemas
O quanto e muito te desejo...
R irmos juntos, amor, cest magnifique!


ElïschaDewes________________

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A Luz da Evolução


Ao lembrar quão imensos são os astros
Onde a dor e miséria dos mortais

Inexiste e nem lá se guardam lastros,
Frustrações cultivadas nos umbrais

A essa dor, mesquinhes de falsos castos
Cleros somam-se aos tolos, tão iguais,
Mergulhando em sentires vãos, nefastos...
A isso tudo minh'alma diz Jamais!


No controle da mente, habita o dia,
Do universo, o equilíbrio se irradia,
Sobre esteiras de paz, é a direção.

Tendo às mãos o poder de ser feliz,
Sou da arte da vida um aprendiz
Este é o rumo, esta é a luz da evolução!


ElïschaDewes____________


O teu Olhar

Flutuas como a brisa tão suave
No calmo ondular do pensamento.
Inverso à expressão o rosto grave,
Reflete em teu olhar, o firmamento.

Fosse tu, comandante de astronave,
Quisera que chegasses num momento
Iria ao teu encontro em vento ou ave,
Encantos e mistérios, nosso alento.

Fascínio há, na força que me passas,
Meu mundo tornas ledo, tantas graças,
Criar poemas, contos tu me incitas

E ao ver quão bem ao leme tu navegas
Me deixo dirigir, como que às cegas,
No rumo das estrelas mais bonitas!


ElïschaDewes__________

Amor Ancestral


Perdidos em caminhos sinuosos
Na tórrida planície e além monte,
As vozes, em chamados amorosos
Ecoam de horizonte a horizonte.

Desertos tantas vezes ardilosos
Miragens ocultando tua fronte.
Pedaços de um inteiro tão saudosos
Amor que renasceu da mesma fonte.

Seria essa procura um mero encanto?
Magia de um feitiço, algum quebranto?
Enclausuradas almas, vil ferrolho...

Memórias ancestrais... e eu te pressinto!
A luz descerra o fim do labirinto...
Lá estás e nos teus braços me recolho.

ElïschaDewes___________

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Amor à Poesia

Sendo fome e alimento, a poesia,
Dia a dia um maná vem saciar ,
Um manjar com sabores de ambrosia,
Ardentia; em fulgor por sobre o mar.

Procurar em teu seio a alegoria
Calmaria ou tormenta, decifrar.
Encontrar a saudade ou nostalgia
Alegria, em teus versos, desvendar.

Encontrar nas manhãs todo prazer
E dizer do lirismo e inspiração
Na canção do poema, às criaturas,

Da ternura, só tenho a agradecer
E dizer ao leitor da gratidão
E emoção das 'Cinquenta Mil Leituras!'

ElïchaDewes____________
Soneto em homenagem
às 50 000 leituras de meu site 
"Vermelho Paixão"

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Novos Rumos



Seguindo novos rumos, o pirata
Desata-se do cais e põe-se ao largo
Amargo desce o Rum - compra barata
Chibata em sua alma, desencargo.

No embargo de ilusões, olhar ufano,
Borgiano, lá no fundo uma esperança.
A lança ele ergue ao Sol qual espartano
E o pano, a bujarrona, ao mar avança!

Alcança novos ares, correnteza,
Leveza de um perfume do passado...
Brocado, lembra o manto de uma deusa...

Destreza, gira o leme à estibordo...
Acordo... e meu pirata dorme ao lado
- Amado,  fiz-me barco... venha à bordo!


ElïschaDewes______________


O Prazer


Eu canto enquanto à noite a Lua passa
Com graça e dança até o amanhecer.
Prazer, eu sei, é flor que anda escassa,
E é graça que me intima a agradecer.

Saber-se  assim  é  doce  melodia
Magia  que  dissipa até  o trovão.
Bastião iluminado ao Sol do dia
Vazia, a sombra, é bolha de sabão.

Na mão eu trago as linhas do horizonte
E a ponte dos meus rios eu que faço
No abraço que traz luz e brilho à fronte.

Se o monte fecha em nuvens, eu desdenho.
Empenho não me falta e em cada passo
No traço do meu verso o Amor desenho.


ElïschaDewes____________


Civilização


No tempo de um piscar, o vaga-lume
Passeia tão feliz por sobre a hera.
O vento passa ao longe e traz perfume
Do tempo em que existia a primavera.

A vida é brotação e seu volume
Em agua, terra e ar se prolifera
Estrelas trazem vivas o seu lume
À noite em tom azul de nossa esfera.

Co'a civilização veio o costume
De recriar o mundo, ave implume,
Do tempo que existia a primavera.

Cortado do ambiente pelo gume
De suas ambições trouxe o negrume
À noite em tom azul de nossa esfera.


ElïschaDewes________________



A Primeira Borboleta

Os passos na areia lá estão
Há milhares de anos,
Passos de muitas eras...
Desde que espiei o mundo
E vi a primeira borboleta...
Aquela beleza descoberta
Arrastou-me caverna afora

Segui-a por longo tempo!
Por desertos e oásis
Sentamos e rimos juntas...
Certa noite, ao luar,
Na areia, adormeci
E ela, ela já não estava lá
Quando cedo acordei...
Lembro bem, neste dia nasci.
 
ElïschaDewes_________

Qualquer forma de Amar

Mestre Sol  elegante e dançarino
Cedo  vem  no oceano  deslizar,
Vento traz  afinado  o  violino
Junto a brisa que a flauta faz tocar .

A capela  de pedras toca o sino,
Vilarejo  começa  a  despertar...
E gaivotas passando em desatino
Anunciam tormenta em alto mar.

Longe a Lua cansada assiste a cena,
Noite afora dançou mas sente pena
De partir vendo amigos festejar...

Nas belezas do dia e além  monte
Altas nuvens rabiscam no horizonte
"Linda é a vida em qualquer forma de amar."

ElïschaDewes_________________